Nosso mundo atual herdou muitas coisas das civilizações antigas da Grécia e de Roma. Nossas ideias políticas, jurídicas e filosóficas vieram das concepções clássicas, especialmente da mitologia.

Se hoje a palavra “mito” é sinônimo de mentira e ficção, na antiguidade ela representava as maiores verdades que o ser humano é capaz de acessar. Isso porque seu significado real vai muito além da história narrada; os mitos representam arquétipos psicológicos, comportamentais e espirituais da vida humana.

A mitologia era a base da educação Grega. Era tão importante na formação do ser humano que conceitos de vida nasciam da relação do homem com o mito, e eles eram tão fortes que seu significado nos acompanha até hoje. Essas são algumas palavras que vieram diretamente das epopeias mitológicas da antiguidade.

Higiene

Deriva de “Hígia” ou “Higeia”, que era a deusa grega da limpeza, tanto nos planos físico, mental e espiritual — que os gregos chamavam de Nous, Pisiquê e Soma (daí que vem a palavra “psicossomático”).

É preciso entender que no mundo grego, os deuses são expressões da natureza. Todos os atos da vida eram vistos como uma tentativa de se conectar ao sagrado. A limpeza era tão importante que recebeu esse aspecto divino, e o culto a Hígia era uma forma de lembrar a população da importância de se manter purificado por fora e por dentro.

Hígia é filha de Esculápio, o deus da Medicina. Isso demonstra a importância da Higiene para a boa saúde, agindo especialmente na prevenção de doenças.

Cronologia

Deriva de “Cronos”, o Titã pai de Zeus. Na Cosmogonia grega, o Universo era regido por seres primordiais chamados Titãs. Cronos e Reia deram à luz Zeus e seus Irmãos. No entanto, não havia ordem, tudo era Caos.

Cada vez que Reia tinha um filho, Cronos o comia. Isso simboliza o caráter destrutivo do tempo, que engole tudo por onde passa.

Quando Zeus nasceu, Reia conseguiu escondê-lo para que seu pai não o devorasse. Mais tarde, Zeus consegue derrotar Cronos e aprisioná-lo. Assim nasceu o Universo ordenado, com a duração dos dias e das noites. Entretanto, Cronos segue à espreita dos mortais, pois uma hora ou outra o tempo há de devorá-los. Um lembrete desse símbolo é a estátua do Titã segurando uma foice.

Mentor

A deusa grega Atena simboliza a sabedoria, e ela é uma das principais divindades da Ilíada e da Odisseia, os clássicos gregos que contam as histórias da guerra de Tróia e do retorno de Ulisses a Ítaca.

O papel de Atena é descer até o mundo e iluminar os mortais, ajudando-os a tomar boas decisões e a trilhar os caminhos corretos.

Um destes mortais é Telêmaco, filho de Odisseu (também conhecido como Ulisses). Quando seu pai vai para a guerra, o jovem príncipe fica sozinho com sua mãe no palácio, e eles começam a ser alvos de aproveitadores que desejam usurpar o trono de seu pai.

É nesse momento que Telêmaco conhece um homem chamado Mentor, que é a personificação de Atena. Mentor se torna o mestre do jovem e passa a aconselhá-lo. Isso representa o ser humano ouvindo a voz da sabedoria.

Hoje em dia a palavra “Mentor” e “Mentoria” estão por toda a internet, mas é possível que nem os próprios profissionais saibam do sentido profundo do termo.

Fortuna

Deriva da deusa romana da sorte. A divindade carrega dois itens: uma cornucópia e um timão.

A cornucópia é um repositório dos bens que são distribuídos aos homens. Já o Timão simboliza a direção da vida da humanidade.

Em muitas representações, a Fortuna está de olhos vendados, simbolizando a aleatoriedade da distribuição das suas riquezas.

No entanto, isso não ocorre nas estátuas da deusa Tique, a divindade grega que inspirou a Fortuna.

As razões por trás da Fortuna estão longe de ser aleatórias. Estudando as tradições, percebemos que todos os acontecimentos no Universo estão encadeados em uma teia de causas e efeitos.

Talvez, os olhos vendados da Fortuna simbolizem mais a cegueira humana em relação às causas e efeitos que estão além da nossa compreensão.

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